PSY TRANCE

Explosão Futurista em Ritmos Pulsantes


Por Cícero Martins


A conjunção entre a transcendência espiritual e a concentração energética. A mistura perfeita que nos remete ao futuro musical nesta máquina do tempo espaço, ou seja, a um estágio visionário e fictício neste mix de estilos anexados ao mágico poder sonoro na sua forma mais orgânica, ácida um tanto sólida e ao mesmo tempo líquida, brutal e cadenciada, hipnótica e viajante.
A última palavra em evolução eletrônica. Uma revolução cibernética que penetra nos circuitos cerebrais da massa, predominando neste plano existencial e marcando uma nova geração, encantando e arrastando multidões. A verdadeira explosão mecânica numa jornada entre o presente e o futuro onde os Dj’s tornam-se androides e através de pick’ups transmitem suas mensagens codificadas em decibéis estilizados por bpm’s, nesta linguagem peculiar e equalizada que nos envolve em seus temas robóticos de uma forma arrebatadora causando polêmica nos meios de comunicação refletindo em seu real universo underground. Sobre tudo obtendo um maciço destaque no cenário e crescente surgimento de inúmeros projetos por todo o planeta, tendo uma concentração pesada de renomes importantíssimos oriundos de Israel, Alemanha, Inglaterra entre outros.


Não esquecendo principalmente dos personagens brasileiros que disseminam seu Psy por aqui dominando as Raves mais poderosas do país juntos aos gringos unindo forças para carimbar a história para sempre com seu arsenal devastador e contagiante. Possuímos artistas de excelente calibre, como por exemplo, DJ Feio, Rica Amaral, Rosa Ventura, Wrecked Machines e uma infinidade de outros que vêm conquistando seu espaço ao sol e detonando pérolas musicais que penetram em nossas almas e emanam uma paz incandescente que transborda em alegria e euforia, explodindo energeticamente em nossas veias que por sua vez bomba mais sangue ao coração acelerando todas as emoções e sensações do corpo que transpassa toda essa carga ao cérebro que estático começa a pulsar gerando imagens alucinantes e inimaginárias em feixes de hologramas deslumbrantes desligando-se da mente e do corpo nos transportando numa viagem inter galáctica sentindo assim a essência e toda a grandiosidade da imensidão do universo (tanto em seu ensurdecedor silêncio, quanto ao mais profundo e explosivo som das estrelas) invadindo o seu ser.


O Psy tem esse poder magnético concentrado em seu corpo musical. Um mundo paralelo interligado à realidade. A consequência da inteligência e do conhecimento é a evolução revolucionária. Traduzindo bem o que o estilo veio transparecer em nosso tempo presente, mas que sua pegada representa o lado futurista, o amanhã sem fronteiras, a trilha sonora espacial, espiritual, pós caos, pós realidade transmitida em timbres fortes, robóticos e melódicos ressaltando um baixo marcante e incansável.
Provavelmente daqui a alguns anos o Psy venha evoluir ainda mais e dar vida a mais um gênero da música eletrônica, assim como se originou na junção de distintos estilos e foi calcando seu poder por entre derivações temáticas até chegar a seu apogeu.
1992 a 1994 o Trance hipnotizou e seduziu muitos adeptos a essa inovação sonora e nesta época reinou em absoluto. Muitos Dj’s não aceitavam o título de Goa, porém, nascia este tão envolvente som que imperava em raves eletrificando toda a atmosfera do momento. Goa no entanto era o balneário alternativo frequentado por Hippies desde os anos 60. Mas, somente nos anos 80 a música eletrônica teria se infiltrado no esquema das festas, conectando a psicodélica cultura hippie mais a natureza paradisíaca, um punhado da tradição mística hindu originária da Índia. Nisto criando uma nova percepção musical.


Na Alemanha surgiram selos, gravadoras e artistas que empunharam o Goa Trance. Na Inglaterra erguiam-se efeitos hipnóticos com uma pegada forte em pleno vapor, destrinchando seu poder melódico, dinâmico e sofisticado que envolveu milhões e começou a ultrapassar os estilos que eram o ponto “X” do momento, tais como, Dance music, Progressive House, também penetrando o Drum’n’Bass e o Acid Techno americano. Porém, a crescente proliferação do estilo em evidência transcendeu para múltiplos subgêneros. Uns já optavam somente pelo lado místico e psicodélico enquanto outros dj’s e produtores tendiam para a levada mais ácida com o baixo predominante corrosivo. Nasceram novas denominações, o Acid Trance e o Hard Trance.

A tendência e suas vertentes conquistaram o Brasil através das raves em São Paulo ganhando adeptos, tanto dj’s quanto público. De 95 a 98 o firmamento, fomos arrebatados nos clubes urbanos e por um grande expoente do trance, o Nude. O impulso do fenômeno destilava a sonoridade do psicodelismo do Goa na XXXperience, enquanto as subdivisões do Hard e Acid Techno gerava novos talentos. Outros revolucionários desconsideravam o termo Goa Trance, o intitulando de Acid Techno por manifestações unicamente urbanas e industriais que rejeitavam a inspiração hippie que não trabalhavam e viajavam pelo mundo em busca de Rock Progressivo em praias paradisíacas.


Então vieram a incorporar um som mais metropolitano como Break Beat e Minimal Techno fugindo da moda e percorrendo novos horizontes, numa atmosfera de Experimental Music. Muitos nomes sucumbiram e outros se ergueram, provando assim que o estilo não morre, pelo contrário, se fortalece e permanece em constante transformação.
Daquela época até hoje fico imaginando, qual será sua próxima cartada? Sua própria evolução?

A música eletrônica é tão forte e grandiosa quanto o Rock e o Metal por suas ramificações e crescimento desenfreado. Eclético dentro de suas derivações e títulos dentro deste estilo musical. Muitos, inclusive que curtiam Metal (e suas vertentes) migraram para a música eletrônica guiados para um novo conceito, consistente, diversificado e adverso ao conformismo, tanto em postura musical, ideológica e artística. Vários se tornaram dj’s e produtores e trouxeram novos elementos em sua bagagem para a E-music acrescentando e personalizando ainda mais a cena. No entanto a maioria iniciaram sua atividades nos gêneros mais agressivos da música eletrônica como por exemplo, Acid Techno, Drum’n’Bass e Psy devido a sua postura anterior no Metal.


E ao contrário de quem diz que o Trance está acabando, ele como todo estilo musical marcou uma geração ao redor do globo e na sua ascensão ele já sofria mutações e atualmente permanece evoluindo e migrando ao Psy tornando-se mais incorporado e intenso que antes, plugando a melodia espacial adormecida do Goa com o peso do Psy. É a cadeia musical e sua escala evolutiva. Sempre foi assim para todos os etilos, basta fazer uma retrospectiva da música eletrônica de 1990 até hoje e verá que as transformações são constantes. E não pára por aí, a questão é que devemos aceitar a evolução e andar de mãos dadas com o nosso tempo e os nomes que vão surgindo e levando a diante o estilo. Isso é o que nos torna fortes e imortais, tanto os Top’s da mídia quanto (e principalmente) os artistas mais undergrounds.
O cenário eletrônico cresce a cada ano independente da vertente que inova e se auto reformula. As inúmeras baladas e raves comprovam seu firmamento contando com uma galera atuante e presente nos eventos e na troca de informação...

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